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Pessoal, olhem isso, cerveja open source : |
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SUPERFLEX |
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Coletivo baseado na Dinamarca transpõe para a bebida fermentada o |
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ideário do movimento de software livre |
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Artistas misturam política na fórmula da cerveja |
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DIEGO ASSIS |
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DA REPORTAGEM LOCAL |
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Enquanto o mundo digital se divide entre os favoráveis, os contrários |
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e os indiferentes aos ditos programas de código aberto ou softwares |
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livres, na Dinamarca real, os artistas Rasmus Nielsen, Jakob Fenger e |
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Bjoernstjerne Christiansen resolveram abrir uma cerveja. Literalmente. |
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Inspirados pelo pensamento do professor de Stanford Lawrence Lessig, |
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idealizador das licenças de "alguns direitos reservados" do Creative |
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Commons e autor do manifesto pela flexibilização das práticas de |
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copyright "Free Culture", os integrantes do coletivo ativista |
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Superflex criaram a primeira cerveja de "código" aberto de que se tem |
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notícia. |
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Batizada de Vores Oel, Our Beer ou, em bom português, Nossa Cerveja, a |
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fórmula da bebida está disponível no site do projeto (voresoel.dk) e |
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já pode ser copiada, alterada, embalada e revendida por quem quiser. |
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De acordo com a licença Creative Commons escolhida pelo grupo, no |
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entanto, quem o fizer deve seguir a etiqueta de manter o "código |
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fonte" de sua cerveja igualmente aberto. |
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"A maioria dessas licenças [Creative Commons, GPL do Linux] são para |
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coisas digitais. O que aconteceria se você pegasse algo analógico, |
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como cerveja, que todo mundo bebe, aplicasse o pensamento de "open |
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source" a ele e pedisse a todos: "Por favor, copiem isto!'?", provoca |
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Rasmus Nielsen, 35, um dos fundadores do Superflex, que em grande |
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parte de seus trabalhos propõe o uso da "cópia como uma estratégia |
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criativa, econômica e política". |
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Seus trabalhos recentes incluem a instalação de estações de biogás em |
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campos de arroz na Tailândia, distribuição de kits para construção de |
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saunas improvisadas na praia e outras "molecagens" encampadas por |
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bienais de Veneza, Berlim e semelhantes. |
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"A cerveja é mais um veículo para propor uma idéia, como um artigo de |
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jornal. Você pode contar uma história com ela, sobre como o copyright |
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está influenciando nossas vidas", sugere Rasmus. "Mas em vez de |
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escrever um artigo denunciando, fazer uma manifestação na rua ou se |
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filiar a um partido, você pode usar o mercado como uma espécie de |
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arena para fazer afirmações políticas." |
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Afirmação esta que, segundo o grupo, não é tão complicada. "Qualquer |
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um pode fazer cerveja na sua cozinha. É mais fácil, provavelmente, do |
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que fazer farinha. A gente fez 500 litros em Copenhague e custou US$ |
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10 ou US$ 15 [R$ 25 ou R$ 37]", revela Rasmus. |
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Mas gasto é gasto. E por isso o coletivo concordou que seria melhor |
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incluir em sua licença de cópia um senão que permita que o novo |
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fabricante possa comercializar a, digamos, Sua Cerveja -"Não é tão |
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fácil quanto copiar um software", reconhece. |
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E já que é no (super)mercado que a sua arte/provocação política deve |
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ser exposta, nada mais coerente que abrir uma loja própria. |
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Inaugurada neste mês pelos integrantes do coletivo, a Copyshop |
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comercializa, além da Nossa Cerveja, produtos como o Black Spot |
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Sneakers, espécie de tênis All Star genérico fabricado por uma |
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cooperativa em Portugal; a Meca-Cola, refrigerante produzido por |
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ativistas tunisianos para apoiar a causa palestina; e o Guaraná Power, |
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este criado pelo próprio Superflex em colaboração com camponeses de |
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Maués, na Amazônia. (O grão brasileiro, inclusive, faz parte da |
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receita de sua cerveja subversiva). |
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"Não criamos a loja para fazer dinheiro, mas para nos colocarmos |
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dentro do campo de batalha, onde as coisas acontecem de verdade", |
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defende Rasmus. "A cerveja é só para propor uma idéia. Não planejamos |
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montar uma fábrica." |
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Cerveja, sapatos, guaraná... o que aconteceu com o bom e velho quadro |
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pendurado na parede? |
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"A arte não é algo como a lei da gravidade ou um produto que a gente |
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encontre na natureza. Arte é uma construção e muda o tempo todo. Como |
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artistas, usamos as galerias e instituições para propor modelos e |
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experiências que, às vezes, podem ser aplicados fora do contexto da |
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arte." |
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E completa: "A diferença entre o mundo da arte e o de um cientista ou |
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de um homem de negócios é que [como artista] você pode se permitir |
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fazer perguntas bobas, sem necessariamente ter de ter lucro ou |
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apresentar um resultado acadêmico. Já fizemos contato com gente na |
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Austrália, no México e nos EUA que queria produzir a cerveja. E aí |
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você pode imaginar, talvez um dia, essa cerveja se tornando uma marca |
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realmente grande, mas uma marca que não pertence a ninguém." |
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Em resumo, você é livre para usar a receita. |
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Você é livre para alterar a receita desde que assuma as mudanças |
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Você tem o dever de compartilhar as mudanças com a comunidade! |
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Você tem o dever de não fechar a receita! |
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Você tem o dever de não dirigir depois de beber! |
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ahahahahahaaha |
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Rafael Kafka |
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Seja livre, use Linux! |
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gentoo-user-br@g.o mailing list |